sábado, 17 de setembro de 2011

“Faço grande esforço para não ter o pior dos sentimentos: o de que nada vale nada...” (Clarice Lispector)

(...)eu sei como é tudo isso. Eu sei como é se segurar e deixar para chorar só quando ligar o chuveiro, assim ninguém percebe. Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que as vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta, que te sufoca, até que você cede e chora. Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto, mas tanto, que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite, eu sei como é tudo isso.

domingo, 11 de setembro de 2011

“Meu Deus, faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. (...) Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.” (Clarice Lispector)

Eu estou atrás da porta, o corpo revirado, amassado, pequeno, todo dobrado. Sou uma carta gigante, chata, cheia de erros, longa demais, muito complicada. “Chega”, alguém com preguiça de ler sobre o amor ou sem coração para se emocionar com uma carta, disse. E eu virei bolinha de papel. (...) Eu sou uma luzinha minúscula no meio da multidão, uma luzinha que pertence ao show mas não tem o que celebrar. Eu sou um pontinho enorme de tristeza e desespero no meio das pessoas enlouquecidas cantando “I can’t live, with or without you”. Eu sou uma pequena voz em meio a tantas pessoas que sofrem. Deus, eu sei, eu sei, são tantos e maiores os sofrimentos mas, por favor, não deixe de me dar força, me dar força para que pelo menos, ainda que pequena e com vontade de queimar, eu continue ao menos acendendo o meu fogo e fazendo parte da expectativa. (...) Mais do que tudo, sou a garotinha assustada, cinco ou seis anos, ajoelhada no chão do banheiro pedindo que os pais parassem de brigar, assustada com o amor, assustada com a vida, assustada com a porta trancada e a solidão. Essa mesma garotinha mal resolvida que vaga dentro de mim, como um espírito que não aceita evoluir, é a garotinha que quis se curar do medo do amor com um amor tão grande, tão grande, tão grande, que não existe. E ficou sem nenhum. (Tati Bernardi)

"Hoje deu vontade de chorar e eu só queria um colo para encostar minha cabeça e fingir que o mundo lá fora não existe." (Tati Bernardi)

"A verdade é que desde sempre foi complicado entender o que eu sinto, mas eu sempre tentei descrever em palavras para que,
quem sabe alguém mais ou menos desocupado do que eu, pudesse entender por mim. A vida bateu na minha cara, muitos dias seguidos,
sem poesia nenhuma que era pra me deixar sem vontade alguma de abrir os olhos.
Só que os olhos são meus e cabe a mim saber até onde é bom enxergar, mesmo que sejam só coisas ruins
que não vão me dar o sorrisinho que eu tenho que carregar todas as manhãs.
Assim como tudo na vida, amores e amigos vêm e vão e, fico aqui perguntando baixinho,
quem sou eu então pra decidir que os meus não deveriam ir? Não adianta mais prometer que será pra SEMPRE.
Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.
Eu não quero dor. Eu não quero olhar no espelho e ver você escorrer, manchando minha maquiagem.
É pelo medo de cair de novo que meus joelhos tremem. Eu quero, no mínimo uma garantia.
E eu só preciso me desfocar do sonho que me deixa míope e enxergar além, ou melhor: enxergar o que está na minha cara.
Antes de dormir rezei, pedi a Deus que perdoe tanta ingratidão de minha parte, por não enxergar tudo de bom que a vida me oferece..."

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos" (Clarice Lispector)

Eu sofri. Meu Deus, como eu sofri com amores errados, ilusões, migalhas, coisas que achava que eram e nunca foram,
paixonites enlouquecidas, vontades desesperadas. Eu posso dizer para você com todas as letras do alfabeto eu-sofri-muito. E sim, passou.

(Clarissa Corrêa)

sábado, 3 de setembro de 2011

Sigo à risca. Me descuido e vou...Quebro a cara. Quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentidos. Viver não é perigoso? Então, com sua licença! (Guimarães Rosa)

Se a gente pensar que já viveu tudo o que tinha para viver, que não há mais surpresas nem vertigens pela frente, que graça terá acordar amanhã de manhã? (Martha Medeiros)

Trago no olhar visões extraordinárias, de coisas que abracei de olhos fechados...(Florbela Espanca)



Essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí,
porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando
ou de vez em muito, não deixam adormecer a idéia
de um mundo que possa acordar sorrindo...
Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida...
(Ana Jácomo)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros." (Clarice Lispector)

"Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa, amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso... ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo." (Caio F. Abreu)