domingo, 11 de setembro de 2011
“Meu Deus, faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. (...) Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.” (Clarice Lispector)
Eu estou atrás da porta, o corpo revirado, amassado, pequeno, todo dobrado. Sou uma carta gigante, chata, cheia de erros, longa demais, muito complicada.
“Chega”, alguém com preguiça de ler sobre o amor ou sem coração para se emocionar com uma carta, disse. E eu virei bolinha de papel.
(...) Eu sou uma luzinha minúscula no meio da multidão, uma luzinha que pertence ao show mas não tem o que celebrar.
Eu sou um pontinho enorme de tristeza e desespero no meio das pessoas enlouquecidas cantando “I can’t live, with or without you”.
Eu sou uma pequena voz em meio a tantas pessoas que sofrem. Deus, eu sei, eu sei, são tantos e maiores os sofrimentos mas, por favor,
não deixe de me dar força, me dar força para que pelo menos, ainda que pequena e com vontade de queimar,
eu continue ao menos acendendo o meu fogo e fazendo parte da expectativa. (...) Mais do que tudo, sou a garotinha assustada, cinco ou seis anos,
ajoelhada no chão do banheiro pedindo que os pais parassem de brigar, assustada com o amor, assustada com a vida, assustada com a porta trancada e a solidão.
Essa mesma garotinha mal resolvida que vaga dentro de mim, como um espírito que não aceita evoluir,
é a garotinha que quis se curar do medo do amor com um amor tão grande, tão grande, tão grande, que não existe. E ficou sem nenhum. (Tati Bernardi)
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